O fim do mundo está próximo - 21 de dezembro de 2012, para ser mais exato - segundo teorias baseadas na suposta antiga previsão maia e divulgadas pela máquina de marketing por trás do filme "2012".
Mas será que a humanidade poderia
realmente encontrar o seu fim em 2012, afogada em enchentes apocalípticas,
atingida por um planeta secreto, tostada por um sol raivoso, ou lançada à
deriva por continentes acelerados?
E será que a antiga civilização maia
- cujo império teve seu apogeu entre 250 e 900 D.C. onde hoje é o México e a
América Central - realmente previu o fim do mundo em 2012?
Pelo menos um aspecto desse alarde
sobre o fim do mundo em 2012, para algumas pessoas, é muito real: o medo.
O site da NASA "Pergunte a um astro
biólogo", por exemplo, recebeu milhares de perguntas sobre a previsão do
fim do mundo em 2012: algumas perturbadoras, segundo David Morrison, cientista
sênior do Instituto de Astrobiologia da NASA.
"Muitos dos (que enviaram as
perguntas) estão genuinamente assustados", Morrison disse. "Houve
dois adolescentes que estavam pensando em se matar, porque não queriam estar
por aqui quando o mundo acabasse", ele disse.
"Duas mulheres nas últimas duas
semanas disseram que estavam pensando em matar seus filhos e elas mesmas para
não terem que sofrer com o fim do mundo."
Felizmente, com a ajuda de
cientistas como Morrison, a maioria dos cataclismos previstos para 2012 é
facilmente explicada.
Mito #1 sobre 2012
Previsão maia do fim do mundo
em 2012
O calendário maia não termina em
2012, como alguns afirmaram, e esse povo antigo nunca considerou tal ano como o
tempo do fim do mundo, dizem arqueólogos.
Mas 21 de dezembro de 2012, (um dia
a mais ou a menos) foi, todavia, importante para os maias.
"É a época em que o maior ciclo
do calendário maia - 1.872.000 dias ou 5.125,37 anos - acaba e um novo ciclo
começa", disse Anthony Aveni, especialista em povo maia e arque astrônomo
da Universidade Colgate em Hamilton, Nova York.
Os maias registravam o tempo em uma
escala que poucas culturas consideraram. Durante o apogeu do império, os maias
inventaram a Grande Contagem - um comprido calendário circular que
"transplantava as raízes da cultura maia desde a criação do mundo em
si", Aveni disse.
Durante o solstício de inverno de
2012, encerra-se a era atual do calendário da Grande Contagem, que começava no
que os maias viam como o último período da criação do mundo: 11 de agosto de
3114 a.C. Os maias escreveram essa data, que precedeu sua civilização em
milhares de anos, como o Dia Zero, ou 13.0.0.0.0.
Em dezembro de 2012, a longa era
termina e o complicado calendário cíclico volta ao Dia Zero, iniciando outro
grande ciclo.
"A ideia é que o tempo se renova
e que o mundo se renova novamente - muitas vezes após um período de estresse -
da mesma forma que renovamos o tempo no dia de Ano Novo ou mesmo na
segunda-feira de manhã", disse Aveni, autor de "The End of Time: The
Maya Mystery of 2012."
Mito #2 sobre 2012
Continentes em ruptura vão
destruir a civilização
Em algumas profecias do fim do mundo
em 2012, a Terra se torna uma armadilha mortal ao passar por um
"deslocamento de polos".
A crosta e o manto do planeta irão
de repente se deslocar, girando em torno do núcleo externo de ferro líquido da
Terra como a casca de uma laranja gira em torno de sua suculenta fruta.
2012, o Filme, imagina um
deslocamento polar previsto pelos maias, desencadeado por uma força
gravitacional extrema sobre o planeta, graças a um raro alinhamento galáctico -
e por uma radiação solar massiva que desestabiliza o centro da Terra ao
aquecê-lo.
A ruptura de oceanos e continentes
despeja cidades no mar, arrasta palmeiras para os polos e gera terremotos,
tsunamis, erupções vulcânicas e outros desastres.
Os cientistas descartam cenários tão
drásticos, mas alguns pesquisadores têm especulado que um deslocamento mais
sutil poderia ocorrer, por exemplo, se a distribuição de massa sobre ou dentro
do planeta mudasse radicalmente, devido à, digamos, o derretimento das calotas
polares.
O geólogo da Universidade de
Princeton Adam Maloof, que estudou extensivamente os deslocamentos polares,
disse que a evidência magnética nas rochas confirma que os continentes passaram
por um rearranjo drástico, mas o processo levou milhões de anos - lento o
bastante para a humanidade não sentir o movimento.
Mito #3 sobre 2012
Alinhamento galáctico revela
perdição
Alguns observadores do céu acreditam
que 2012 irá se encerrar com um "alinhamento galáctico", que ocorrerá
pela primeira vez em 26.000 anos.
Nesse cenário, o trajeto do sol pelo
céu pareceria cruzar o que, da Terra, é visto como o ponto médio da nossa
galáxia, a Via Láctea, que em boas condições de observação aparece como uma
faixa de neblina no céu noturno.
Alguns temem que esse alinhamento de
alguma forma exponha a Terra a poderosas e desconhecidas forças galácticas que
irão precipitar o seu fim - talvez através de um "deslocamento polar"
ou movimento do supermassivo buraco negro do coração da nossa galáxia.
Outros veem o suposto evento sob uma
luz positiva, como o prenúncio do despertar de uma nova era na consciência
humana. Morrison, da NASA, tem uma visão diferente.
"Não existe nenhum 'alinhamento
galáctico' em 2012", ele disse, "ou pelo menos nada fora do
comum."
Ele explicou que um tipo de
"alinhamento" ocorre durante todos os solstícios de inverno, quando o
sol, visto da Terra, aparece no céu próximo do que parece ser o ponto médio da
Via Láctea.
Astrólogos podem se entusiasmar com
alinhamentos, Morrison disse. “Mas a realidade é que os alinhamentos não são de
interesse para a ciência”.
“‘Eles não significam nada”, ele
disse. Eles não modificam a força gravitacional, a radiação solar, as órbitas
planetárias, ou qualquer coisa que tenha impacto na vida da Terra.
Mas a especulação sobre alinhamentos
não é surpreendente, ele afirma. "Fenômenos astronômicos comuns são
imbuídos de um senso de ameaça por pessoas que já acreditam que o mundo vai
acabar."
Em relação aos alinhamentos
galácticos, David Stuart, especialista em povo maia da Universidade do Texas,
escreve em seu blog que "nenhum texto ou arte dos antigos maias faz
referência a qualquer coisa do tipo."
Mesmo assim, a data final do atual
ciclo da Longa Contagem - o solstício de inverno de 2012 - pode ser evidência
da habilidade astronômica dos maias, disse Aveni, o arque astrônomo.
"Não descarto a probabilidade
de que a astronomia desempenhou um papel" na escolha de 2012 como o
término do ciclo, ele disse.
Astrônomos maias construíram
observatórios e, através da observação dos céus noturnos e usando a matemática,
aprenderam a prever com precisão eclipses e outros fenômenos celestiais.
Aveni observa que a data de início
do atual ciclo foi provavelmente associada a uma passagem do zênite solar,
quando o sol cruza diretamente sobre nossas cabeças, e sua data de término
cairá no solstício de dezembro, talvez intencionalmente.
Essas escolhas, ele disse, podem
indicar que o calendário maia está ligado aos ciclos sazonais de agricultura,
centrais para a sobrevivência dos povos antigos.
Mito #4 sobre 2012
O Planeta X está em rota de
colisão com a Terra
Alguns dizem que ele está por aí: um
misterioso planeta X, também conhecido como Nibiru, em rota de colisão com a
Terra - ou pelo menos a caminho de uma passagem de raspão destruidora.
Dizem que uma colisão direta iria
destruir a Terra. Mesmo uma passagem de raspão, alguns temem, poderia gerar uma
chuva de asteroides de impacto mortal, arremessados em nossa direção pelo
turbilhão gravitacional do planeta.
Será que esse planeta desconhecido
realmente poderia estar vindo em nossa direção em 2012, mesmo passando de
raspão?
Bem, não. "Não há objeto nenhum
por aí", disse Morrison, o astro biólogo da NASA. "Essa provavelmente
é a coisa mais clara a se dizer."
As origens dessa teoria na verdade
antecedem o amplo interesse em 2012. Popularizado em parte por uma mulher que
alega receber mensagens de extraterrestres, o fim do mundo relacionado a Nibiru
foi originalmente previsto para 2003.
"Se houvesse um planeta ou uma
anã marrom ou qualquer objeto que fosse estar no interior do sistema solar
daqui a três anos, os astrônomos o teriam estudado na última década e ele seria
visível a olho nu hoje." "Não há nada."
Mito #5 sobre 2012
Tempestades solares irão
devastar a Terra.
Em alguns cenários de desastre para
2012, nosso próprio sol é o inimigo. Nossa amigável estrela vizinha, segundo
rumores, irá produzir erupções letais de labaredas solares, que aumentarão o
calor sobre os terráqueos.
A atividade solar cresce e diminui
segundo aproximadamente ciclos de 11 anos. Grandes labaredas podem de fato
danificar as comunicações e outros sistemas da Terra, mas os cientistas não têm
indicações de que o sol, pelo menos no curto prazo, irá lançar tempestades
fortes o suficiente para fritar o planeta.
"Ao que parece, o sol não está
seguindo a programação mesmo", afirmou Morrison, o astrônomo da NASA.
"Esperamos que esse ciclo provavelmente não seja concluído em 2012, mas um
ou dois anos depois."
Mito #6 sobre 2012
Os maias tinham previsões
claras para 2012
Se os maias não esperavam o fim do
mundo em 2012, o que exatamente eles previram para esse ano?
Muitos estudiosos que se
aprofundaram na evidência dispersa em monumentos maias dizem que o império não
deixou um registro claro prevendo que qualquer coisa específica aconteceria em
2012.
Os maias retrataram de fato um
desagradável - embora não datado - cenário do fim do mundo, descrito na página
final de um texto de aproximadamente 1100, conhecido como Códice de Dresden.
O documento descreve um mundo
destruído pela enchente, um cenário imaginado em muitas culturas e
provavelmente vivenciado, em uma escala menos apocalíptica, por povos antigos.
Aveni, o arque astrônomo, disse que
o cenário não deve ser interpretado literalmente - mas como uma lição sobre o
comportamento humano.
Ele associa os ciclos ao nosso
próprio período de Ano Novo, quando a conclusão de uma era é acompanhada por
atividades frenéticas e estresse, seguidas de um período de renascimento,
quando muitas pessoas fazem uma reflexão e resolvem começar a viver de uma
maneira melhor.
"Toda a escala de registro do
tempo é muito direcionada ao passado, não ao futuro", ele disse. "O
que é lido nesses monumentos da Longa Contagem são eventos que ligavam os
governantes maias a ancestrais e ao divino."
"Quanto mais você planta suas
raízes no passado do tempo profundo, melhor você pode argumentar que é
legítimo", Aveni disse.
"E acho que é por isso que
esses governantes maias usavam o tempo da Longa Contagem". "Não se
trata de uma previsão fixa sobre o que vai acontecer."
E você, qual é a sua opinião sobre isso?
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